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Filme “USP 7%” coloca em debate Cotas Raciais e o Racismo Institucional na maior Universidade do paí

  • Marcelo Moreira de Jesus (marcelo.jesus@usp.br)
  • 21 de abr. de 2015
  • 3 min de leitura

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#TÁ SABENDO?

No dia 13 de abril de 2015 ocorreu a estreia, no Núcleo de Consciência Negra da USP (NCN), do documentário “USP 7%”, curta-metragem dirigido por Daniel Mello e Bruno Bocchini que propõe uma reflexão sobre o caráter elitista e racista da Universidade de São Paulo. Mais especificamente, a produção reforça o debate sobre Cotas Raciais que ainda não estão implementadas no processo de ingresso da USP.

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Com os relatos de negras e negros (universitárixs, vestibulandxs, funcionárixs) o filme faz pensar no discurso da meritocracia e no filtro social e racial a que todos estão sujeitos quando se inscrevem no concurso FUVEST, que seleciona os futuros universitários da Universidade pública que a USP é.

Sustentada pela arrecadação de impostos de contribuintes do Estado de São Paulo, esta universidade ainda está longe de ser aberta e popular, ou, no mínimo, justa em sua proporção racial. A injustiça se evidencia não somente quando constatamos que os alunos negros matriculados são menos do que 10% do quadro discente, mas, sobretudo quando analisamos que os cargos de serviços terceirizados são, majoritariamente, preenchidos por pessoas negras. Ocupados por muitas mulheres negras, que dignamente esforçam-se diariamente em situações de exploração trabalhista, desgaste físico e psicológico e de pouquíssima visibilidade social.

É neste contexto, e considerando outros argumentos como “reparação histórica” (necessária!) e apolíticas de ações afirmativas, que as cotas raciais são alternativa que o movimento negro vem exigindo a um bom tempo, através de luta e resistência admiráveis. Dados científicos já comprovam a eficiência de programas de cotas (!), o Congresso brasileiro já declarou a constitucionalidade das cotas raciais (!!) e dados da própria Reitoria da USP mostram a ineficiência do próprio INCLUSP (!!!) O Programa de “inclusão” vigente na USP e instaurado pela Reitoria, não respeita a opinião de quem diariamente vive o racismo e de militantes negrxs que, com competência admirável, constroem propostas verdadeiramente inclusivas.

O interessante é notar que este filme aparece ao público em um momento de intensificação do debate sobre o papel (e lugar) dxsnegrxs na Universidade e também fora dela. Um grande exemplo dessa intensificação é o movimento “Ocupação Preta” que vem acontecendo em salas de diferentes unidades da Universidade justamente para questionar os seguintes pontos: Quantos são xs negrxs da USP? Exercem qual função e papel na instituição? Quantxs mestres e doutorxs negrxs são docentes nas faculdades uspianas? Quantos autores negros e autoras negras são indicados em bibliografias da tal “construção científica” do maior pólo de produção da Ciência Brasileira? Quando ocorrerão mudanças do caráter excludente e evidentemente racista da FUVEST?

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Vale pontuar que o movimento não é formado somente por alunxs da USP. É um movimento de negrxs que, uspianos ou não, unem-se para denunciar, em suas falas e atos, o racismo que a Instituição impõe, sobretudo por causa de uma elite branca que recusa-se a largar seus privilégios. A esperança assegura-se na certeza de que os negrosnão cansarão até conquistar seus direitos. Mais do que os questionamentos propostos, o movimento “Ocupação Preta” enegrece bem quando afirmam que querem “COTAS JÁ!”.

Enfim, o bom documentário, é indispensável. A reflexão, urgente.

“USP 7%” é um documentário curta-metragem financiado pelo edital Curta-Afirmativo: Tem duas versões: com 15 e 25 minutos. É o primeiro projeto com financiamento da Preta – Narrativas Multimídia (produtora de conteúdo para cinema, TV e web). De acordo com os realizadores, em 2015, o filme participará do roteiro de festivais nacionais. Também serão feitas exibições para a promoção de debates sobre racismo e cotas na USP e outras instituições que manifestarem interesse.

 
 
 

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