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  • Nelson Neto

Reorganização das escolas estaduais


A reorganização da rede pública de ensino dividirá as escolas por ciclos. Cada escola terá apenas um ciclo, Fundamental I (séries iniciais), Fundamental II (5º ao 9º ano) ou Ensino Médio. No começo do ano Herman tentou cortar gastos através da super lotação e fechamento de salas. Agora aprofunda esse curso, para que através do remanejamento de 1 milhão de alunos possa concentrar a demanda em algumas escolas e fechar outras. Esse processo implicará na demissão de milhares de professores, em particular os professores temporários, mas também demitirá os trabalhadores terceirizados, responsáveis principalmente pela merenda e limpeza. Além disso, diminuir gastos para manutenção dos prédios, aquisição de equipamentos e móveis, contas de luz, e etc, de inúmeras escolas que fecharão. O objetivo é fazer um corte orçamentário profundo e permanente, que modifique toda a estrutura da rede estadual.

Segundo o governo, a rede de ensino público conta com uma estrutura para atender 6 milhões de alunos. Afirma que em virtude da queda da taxa de natalidade (que não fez questão de comprovar com nenhum estudo sério), hoje a rede estadual de ensino atende 4 milhões de alunos, havendo portanto escolas com 2 milhões de vagas ociosas. Ou seja, o remanejamento tem enquanto objetivo único concentrar os alunos em determinadas unidades, para fechar escolas e aumentar a quantidade de alunos por sala.

Além disso, há outro problema pedagógico, já que na prática os alunos mudarão de escola a cada 4 ou 5 anos, dificultando uma relação mais profunda da escola com o aluno e a comunidade. Junto a isso o governo do estado de São Paulo, vem fazendo avançar as propostas de reforma do ensino médio. O Plano Estadual de Educação, que prevê entre outras coisas a diminuição de disciplinas obrigatórias e o oferecimento de matérias "optativas", com possibilidade de contratação de profissionais e/ou ONGS para dar essas disciplinas, é parte complementar desse ataque.

Outra consequência importante de mais este ataque está relacionada com a condição profissional dos professores, pois muitos terão, obrigatoriamente, que ir trabalhar em outras escolas, principalmente os professores de disciplinas que só existam no médio como sociologia e filosofia, modificando a vida do professorado. Muitos terão que se deslocar por distâncias maiores e por mais escolas. Em 1995, com reforma parecida, onde as escolas das séries iniciais foram separadas das escolas com ensino fundamental II e ensino médio aproximadamente 20 mil professores foram demitidos e as melhoras para o ensino ficaram nas promessas.

Com essa "reorganização" é provável que também aumente a evasão escolar, principalmente no ensino médio. Muitos alunos do ciclo final trabalham e precisam de escolas com fácil acesso ou escolas nos chamados "corredores de passagem". Caso o governo passe essas escolas para locais mais difíceis ou diminua a já tão escassa oferta de escolas para os jovens trabalhadores aumentará rapidamente a evasão escolar, o que será justificativa para o fechamento de mais salas por falta de interesse e procura.

Também dificultará a vida dos pais que precisam levar seus filhos para a escola antes de irem para suas jornadas exaustivas de trabalho. Se a família tiver filhos em idades diferentes os pais terão que se deslocar por duas ou três escolas, aumentando o tempo e encarecendo o custo das viagens.

As ocupações:

“A escola é nossa”, como uma frase simples pode sintetizar uma ação, uma política e um momento? Após a declaração do governo do estado de São Paulo sobre o fechamento das escolas, os estudantes secundaristas já falavam que não deixariam suas escolas fechar facilmente, e a ocupação já era uma ideia levantada.

Assim “a escola é nossa”, já colocava que seriam ocupadas por aqueles que realmente mantêm as escolas vivas e que precisam delas. A juventude secundarista, que é a linha de frente no movimento, partiu do questionamento ao fechamento das suas escolas ao questionamento sobre que futuro terão. Desde o início realizaram atos e vídeos que viralizaram nas redes sociais, denunciando esse ataque à Educação.

Essas ocupações vão marcar toda uma geração, que desde muito nova vê na luta e no enfrentamento com o poder do estado a única forma de garantir seus direitos. O governo do PSDB está em uma sinuca, se usa dos seus “métodos clássicos” de repressão, desocupando a escola com a força polícia – amplamente rechaçada pelos estudantes - pode fazer criar um fato político muito maior e desencadear ainda mais ocupações, sabendo que estas têm amplo apoio popular, enquanto sua proposta de reorganização é vista com amplo rechaço. Por outro lado, recuar na proposta de reorganização após as ocupações é declarar decididamente que os estudantes venceram e que a resistência, articulada em conjunto com a população, com universitários e trabalhadores pode derrotar Alckmin.

Agora o principal objetivo é fortalecer as ocupações atuais e as novas que vão aparecer, trazendo cada vez mais gente pra luta. E para isso as escolas ocupadas precisam se encher de debates, atividades políticas, culturais, entre outras.

Estudantes universitários têm se voluntariado para "doar aulas", indo nas ocupações colaborar com essas atividades. Se você também tem interesse, acesse o site https://docs.google.com/forms/d/1yxWHanz5NrVO4sGQPjHwx-NACjxE-iXT78tfEGrPj7E/viewform

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